as primeiras horas da manhã

quando me acontece estar acordada a horas inusuais - e ultimamente tem sucedido muito - dou por mim num exercício involuntário de convocar quem comigo estará já desperto, fazendo-me uma companhia inconsciente e distante.

tendo o gato reclamado despertar pelas seis, era ainda de noite na cozinha e na rua, onde os candeeiros municipais estavam acesos. parei a olhar para o relógio vermelho na parede - é sempre vermelho desde a minha primeira casa ainda que o objecto já não seja o mesmo por razões de despenhamento - e, sendo quinta-feira, pensei no hélio. dia de caça, alvorada já no monte, cães a avançar, caminheiros a espantar a geada. aconcheguei-me no roupão, esfriei só de imaginar, e ainda só estamos em novembro.

hoje foi assim, habitualmente é mais tarde. quando tomo o pequeno-almoço às sete - rente à mudança da hora fico sempre mais adiantada - e penso que o meu tio carlos começa a trabalhar às oito. oito, desde os tempos idos da escola, é para mim hora de acordar, ou de tomar banho, hora de casa ainda assim. para ele, já é hora de estar activo e comunicar, falar com desconhecidos no minuto posterior às 7h59. desejo-lhe, em silêncio, um bom dia de trabalho. desejo-me, sempre, menos apego ao relógio.

Comentários

  1. Só para que saibas que te espreito em silêncio (kind of...). No meu caso a alvorada acontece às 06H30, no caso de te apetecer convocar-me.

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    1. :) mas como convocar-te se não sei quem és?

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