se

algures a meio do caminho tornei-me supersticiosa. vi sinais, fiz pactos, prometi isto em troca daquilo.

deitei-me com medo, falei em silêncio de mim para mim. lembrei-me da tia são me ter escrito numa carta «um dia ainda serás uma pessoa muito religiosa». se for só numa altura de aperto, apenas para pedir ajuda, será que conta?

os dias fogem ao controlo, as minhas acções e devoções em nada alteram o resultado e aquilo que preciso que aconteça está imóvel. 

a superstição aplaca a desorientação, dá a sensação de fazer alguma coisa. mas agora queria deixar os receios e as negociações com o futuro. 

diz-me uma amiga que quem é bom a planear é igualmente exímio a desenhar cenários, demasiados cenários, que para nada servem e não trazem paz. 

o what if do teatro, que faz a contracena avançar, é, afinal, uma maldição.

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