cidade tapete

 na minha nova cidade, é outono e cheira a lareira. a cidade jardim transformou-se na cidade tapete, o chão coberto de amarelo, algum vermelho e muitos tons de castanho. esta é a estação que me falta viver aqui para dar um ano como cumprido. 

anoitece cedo, e quando o sol se põe a temperatura desce a pique. a meteorologia não nos deixa esquecer que quatro montanhas nos rodeiam. sortudos, podemos entrevê-las ao longe frequentemente, entre casas que não são muito altas.

na caminhada desta manhã, fui até ao largo de uma igreja aqui perto que, apesar de estar a pouco mais de cinco minutos a pé de casa, me transporta imediatamente para uma aldeia. talvez seja isso, talvez vildemoinhos seja uma aldeia à qual se encostou uma cidade a crescer. 

tem qualquer coisa de história infantil, com as suas proporções compreensíveis, o pequeno jardim com árvores e bancos, o largo, as lojas nos pisos térreos e poucas pessoas a circular. gosto de passar por ali desde que cheguei, no inverno. em pleno solstício, é lá que se celebra, com sardinhas e bailarico, a chegada do Verão. o jardim transforma-se em restaurante a céu aberto e o largo em pista de dança livre, com um tronco gigante ao centro que será incendiado à meia-noite. talvez não tenha passado por ali vezes suficientes na primavera, penso. não me recordo das árvores com flores. espero não me esquecer de o fazer, sei que estou para ficar.

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